segunda-feira, dezembro 20, 2004

guerra santa

vejam erguer-se
do corpo cruento
do deus morto
o guerreiro
incruzado

vede como sua espada
goteja sangue divino
vede como sua armadura amassada
não reflecte senão a cor do vermelho

vede e pasmai
meros mortais
que observais semelhante criatura
verdadeiro sisifo condenado
a matar sempre o mesmo ser
para tentar manter a humanidade livre

em cada gesto de fé
em cada prece pronunciada
por lábios trémulos
sequiosos de uma salvação que não existe
deus renasce
qual fénix cruel

absoluta crueldade
omnipotência da ignorância
este deus que nos obriga a rezar a ele
e que nos abandona
nos mares tumultosos da humanidade

o mesmo deus
que nos negou o conhecimento
com medo de atingirem as suas criações
também a divindade

deus que nos promete a vida
depois da morte
sabendo que
se há vida depois da morte
não há morte
e se não há morte...
como podemos viver?

deus que nos verga
com tamanho chicote brutal
de fé em idolos falsos
e que enche de chamas o mundo
que apregoa com canticos loucos
a sua bondade suprema
que nunca é sentida ou vista

o incruzado
caminha sempre
na sua missão sagrada
de libertar
a humanidade
do jugo dos falsos idolos

desprezado
odiado
assassina sempre
os corpos pútridos que se erguem
novamente da sepultura
a cada instante.

a liberdade ao alcançe de um sopro
e no entanto
continuamos a preferir
sermos escravos
de um ser desprezável
que nos atormenta

aqui começa a nova guerra santa
aqui é o novo inicio
de uma nova e sangrenta batalha
a cada momento
a chave da nossa salvação
é roubada pela fé

sejamos livres
sejamos finalmente unos connosco e com tudo
libertemo-nos desses ignóbeis deuses
que nos pretendem arrastar com eles
numa espiral de violencia
desespero
medo e ódio

sejamos livres finalmente
....

sexta-feira, dezembro 17, 2004

incessantemente
caminho
a procura de respostas
que não consigo encontrar

sentindo o que não quero sentir
sendo o que não quero ser
vendo o que não quero ver

de que me serve ser?
de que me serve estar?
de que me serve tudo isto?

porque fui eu escolhido
como carneiro de sacrifício
ao altar de um deus vazio
que me faz sofrer?

queria ser livre
queria poder dizer eu sou feliz
queria poder dizer que vivo sem dor
mas não consigo

todos os sentimentos
tudo o que sinto e sofro
volta para me atormentar sempre

basta um vento ligeiro
uma suave brisa fresca
para que a minha alma
balançe no abismo
qual brinquedo de criança inútil

ser
sei la
outra coisa
noutro mundo

gostaria de saber
porque me sinto
constantemente
assim

mesmo quando não estou triste
lágrimas escorrem-me nos olhos
deixam uma profunda cicatriz
que o tempo não apaga

porque?
a questão eterna continua sempre presente
porque?
a resposta foge carregada pelo vento
porque?
envolto em mistério nunca irei saber
porque?
sofro eternamente até morrer

domingo, dezembro 12, 2004

o dilema do ouriço

o ouriço é um animal interessante e igualmente interessante é uma história que se conta sobre o ouriço.
O ouriço era um anima que queria fazer amigos mas que, sempre que se aproximava de algum anima, o feria com os seus espinhos, logo o ouriço não tinha amigos e vivia na solidão, escondido na sua toca escura.

eu sou como o ouriço
a unica diferença é que os meus espinhos estão virados para dentro.

fénix

majestosa visão de radiante beleza
a fénix renascendo das suas cinzas
livre da lei da morte
o fogoso pásaro ergue-se e
qual icaro capaz enfrenta o sol
com todo o seu poder
mesmo que isso signifique morrer
outra vez

livre
seguir-lhe os passos
desse pássaro lendário
ser novamente
das cinzas renascer
tornar
nem que seja para morrer outra vez

morrer quantas vezes for preciso
se existe tanta beleza no renascimento
no erguer-se outra vez e reparar
no mundo que nos rodeia
ver em cada ponto algo
que valha a pena viver

pássaro fogoso que tanto voas
no teu destino sem fim
imortal e cruenta visão
eternamente
interno
fénix moribunda
fénix renascida

as cinzas nunca permanecem
são sempre transformadas noutra coisa
qualquer
para quê tentar pegar fogo as cinzas?
para quê arder o que não pode arder?
para quê tentar ser o que não se pode ser?

erguer-me das cinzas
quando?
agora!

ORIGA - RISE (lindo)

I'm a soldier, and that means
I'm both defendant and judge
I am standing on the two ends of fire
Bending over the steep turns, overtaking death and life
I'm running to fight the shadow

No matter how much threads deceit weaves
The truth will show the face of light

Save your tears
for the daywhen our pain is far behind
on your feet
come with me
we are soldiers stand or die

Save your fears
take your place
save them for the judgement day
fast and free
follow me
time to make the sacrifice
we rise or fall

I'm a soldier, born to stand
in this waking hell I am
witnessing more than I can compute

pray myself we don't forget
lies, betrayed and the oppressed
please give me the strength to be the truth

people facing the fire together
if we don't, we'll lose all we have found

Chase the dream to the edge of the abyss
This is the only way to save the world
Don't you cry,
Hide your tears
Because there'll be a new day
Your fire
Will be heating
Thousands of hearts
Now, rise up
Hide your pain and fear far off
The one who is right will win
Remember, everything is in your hands......

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Escrevo

Escrevo
Escrevo sempre
Como um poeta viciado
Que não o é
(poeta)

escrevo
mesmo que arruine a minha vida
mesmo que ninguém compreende o que digo
escrevo
porque o faço?
Porque tento tornar a minha vida
Mais interessante
Escrevendo freneticamente
Batendo nas teclas do computador
Com força de um deus irado
Palavras de dor consumadas
Na força de uma frase

Porque continuo eu
Qual sísifo condenado
A repetir as mesma acções
Os mesmos erros
As mesmas dores
Infinitas vezes?

Tormento divino
Auto ou hetero infligido?
Sádica ou masoquista vontade
De escrever para sempre
Estas palavras que são o sangue da minha alma
Para que continuo?
Para que vivo?
Para que sou?

Farol

Possante estrutura consumada
Qual torre de babel
De humana criação
Para chegar a esse céu terreno
Esse céu verdadeiro cheio de certezas
E não das falsidades
Do eterno e irreal paraíso
Que afirmais existir

Terreno, na sua posição precária a alta torre
Ilumina a noite
Espalha sua profana luz pelo santo véu nocturno
Penetrando cada vez mais fundo
Lutando a cada instante contra os poderes eternos
Da escuridão

Ah
Quando Oceanus revoltado
Se ergue e combate
Semelhante ofensa humana
A torre que habita seu domínio
Vejam os dois lutar
Um furioso, o outro firme, estóico
Imovível

Combatem os titãs
Com fúria tremenda e inaplacável
Ou será que se contorcem numa sinfonia de amor
Interminável?
Roçando um no outro
Qual amantes enamorados
Sequiosos de amor
De sentir o toque um do outro?

Luta nobre farol
Contra as forças do elemento
O ar maldito
Trovões
Ventos
Tempestades
Tudo

Eterno pilar de força que lutas
Contra as três forças do mundo
Ar; Noite; Água
Sem nunca vacilar
Sem nunca derramar uma lágrima de pesar
Por tão importante tarefa
A de simplesmente ser
Sem o ser na verdade

Sê tu meu guia
Inexistente criação humana
Força sublimada
Imortal nobreza no teu porte
Indolor

Ilumina a escuridão em mim com tua luz ofuscante
Aplaca o mar revolto dentro de mim
Resiste a tempestade do ódio

Livre

necrofilia

Num cemitério distante
Nas masmorras da minha
Mente perturbada
Escavo mais uma sepultura
Coveiro negro entronado
Onde repousarão
Ossos negros encarnados

6 túmulos
cadavéricos esqueletos lá enterrados
para nunca mais s se erguerem
espíritos malignos voam a minha volta
perversos necrófilos tentadores
de memórias presentes e futuras

coveiro triste que escava
com pá de puro pesar corpóreo
cava sepultura funda
não vá o cadáver erguer
e andar novamente
nas sombras
da minha mente

6 túmulos
6 vidas
6 mortes

6 ideias
6 pessoas
6 sentimentos

ódio; desprezo; amizade; amor; ignorância; felicidade
nesses 6 túmulos enterrados
para sempre
eternamente
sublimados
pensamentos
esventrados

será que das cinzas se erguerá cruenta fénix renascida
forte sentido de vida presente em todos nós
menos em mim?

Será que das cinzas virá algo?
Algo mais para alem disto
Ou serão as cinzas
Apenas cinzas
De cadáveres
Apodrecidos?

Sento-me e espero na minha própria mente
Abro sepulturas para os meus sentidos
Coveiro triste
Coveiro sem sentimentos
Escava para sempre
Escava com amor
Necrofilia.

quarta-feira, dezembro 08, 2004

hecate

lua nova
deusa hecate
deusa da magia negra
tu que tornas obscura a face da lua
superior as outras duas
que te precedem
e a ti se seguem
no ciclo eterno
sê a minha luz

dancemos os dois sob
o manto estrelado do teu domínio
consumação profana
de um desejo impossivel
de união cosmica
com o teu ser divino
o teu corpo exangue
de onde flui toda a magia
negra

dancemos sob a lua
teu domínio profano
do qual lanças os teus feitiços
ameaçadores
sobre nós mortais

dancemos frenéticamente
à mãe noite
às suas crias
lua, estrelas, trevas
seremos unos
seremos assim
um só ser
contorcendo-se eternamente na imensidão espacial
tu e eu
deusa negra que me consomes
com o teu olhar penetrante

hecate

realidade

sentado em frente ao monitor do pc
escrevo estas palavras
estas palavras que descrevem
o que me vai na alma
aquilo que eu sinto
a escuridão mais profunda do meu ser

negro
eterno
uma semente de corrupção habita no meu interior
corroendo a vida
desvastando os sentidos
e os sentimentos

cada comentário ignorante
cada desprezo propositado
cada ferida infligida
é como uma benção
para esse obscuro ser
que habita em mim

a cada momento que passa
a cada presença que passa
(passa sempre inexorávelmente)
ele cresce
e transforma-se
e transforma-me
e corrompe-se

e eu
não tenho modo de travar
esse crescimento obsceno
esta impossibilidade
esta minha morte emocional adiada
por gestos vãos de verdadeira
amizade

cabe-vos a vós
(será que se importam?)
ajudar-me nesta caminhada
(será que o farão?)
para que a semente morra
(será que morre?)

ah! profano nascimento
feto abortivo que me consome o ventre
a liberdade é apena uma horizonte longínquo
que não posso alcançar
paralisado pela minha mortificação

aqui
sempre presente
sempre negro
se despede este
ser

mais um sol se põe no fundo do horizonte
mais uma esperança queimada pela passagem
do dia presente
que parece nunca mais terminar.

a realidade corta fundo
a incapacidade humana para compreender é enorme
o sofrimento é infinito

sexta-feira, dezembro 03, 2004

fim

os 4 cavaleiros galopam
seus cavalos trazem sons
inaudiveis ao ouvido humano
na ponta do aço
trazem as 4 torturas do homem

fome
guerra
pestilência
morte

as crónicas falam de um grande dia
em que esses 4 seres tomarão forma
corpórea e cavalgarão entre nós

os três servos do um
morte
serve de almimento aos famintos
dá páz aos que guerreiam
liberta da doença

o que os livros não falam é do 5º
o 5º cavaleiro
servo dos três
mestre do um

o 5º cavaleiro sou eu
não preciso de cavalo para chegar onde quero
os meus veiculos são a esperança
e o amor

preparem-se mortais
preparem-se todos
não preciso do glorioso dia para tomar forma
em cada lágrima derramada
em cada pulso cortado
em cada gota de sangue jorrada por feridas auto-infligidas
em cada pensamento de dor
eu estou lá
eu sou o que sou
o quinto cavaleiro
o mais poderoso
e o mais pequeno

triste vosso destino
que vos une a mim
de forma profana
desisti de toda a esperança
vós que entrais no meu domínio
o fim está próximo
o fim sou eu

invocação materna

caminhante soturno
percorre as ruinas eternas
da cidade adormcida
colapsada sobre o tempo
e sobre si própria

longe
bem ao longe
mas tão perto que posso tocar
a tua figura materna
oh lua cheia
oh noite eterna

este teu filho
caminha para ti
caminha por ti
caminha entre ti
para chegar a um destino que nem eu sei

vejo-te na tua grandiosa figura
que iluminas a noite juntamente
com tuas filhas estrelhas
e o teu filho que caminha
para sempre em frente
para sempre sem fim

vem mãe
ilumina o meu caminho
mostra-me o verdadeiro eu
banhado nos teus raios de prata

vem
cobre meu corpo com chagas
com teu robe de estrelas bordado
deixa-me ser
so teu

noite
a que chamam profana
a que chamam tenebrosa

noite
a que eu chamo mãe
a que eu chamo amor
cobre agora meus olhos
deixa-me sorrir uma ultima vez

quarta-feira, dezembro 01, 2004

poema alegre

este é o poema mais alegre que vao ver aqui escrito. Perparados? alegres voçês também? ainda bem...

Sentado
em torno de uma mesa
dizem-se palavras alegres
ecoam gargalhadas pelos corredores
e no entanto
na minha mente
apenas um vazio...
apenas uma certeza
a certeza da impossibilidade da minha existência
da insignificância da minha existência
da existência da minha existência


completamente só
rio-me dos vossos risos
ponho a minha máscara
tantas vezes utilizada
e sou feliz


o meu coração fecha-se a todas emoções
enquanto tento respirar num espaço
cada vez mais claustrofóbico
onde não posso existir.

ser
ser feliz

sem voçês
sem ninguém
só eu
no mundo
sem ninguém para me desprezar
sem ninguém para me espezinhar
sem ninguém para me mostrar
quão miserável é a minha existência

eu ja me apercebi que não faço aqui nada
não precisam de me mostrar que eu
sou igual a uma sombra na parede
ignorada por estar sempre presente
um alegre descontente
do mundo presente e inconstante

maniaco-depressivo
mascara de eterna solidão
colocada no bolso onde ninguém a ve
onde ninguéma quer ver
desprezo absoluto
ignorância total
as lágrimas correm
em espesso caudal
correm sempre
infinitamente
ninguém as colhe
ninguém se importa de sentir os pés molhados
preferem seguir em frente e ignorar
os rios de sangue que correm da minha alma aberta
que ninguém quer explorar

e aqui estou
alegre
rio-me e sangro
eternamente....

poema alegre
fim

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