domingo, maio 07, 2006

arauto vespertino

ergue-se a memória
apagam-se os sentidos
os dedos feridos
escrevem
ou será a mente?

arte que arde
a arte da memória
da glória
da guerra
do eu
em mim
que arde
regado com gasolina

memórias
sentimentos
humanos
relembro

espero pela fria e precisa pinça do sono que removerá cirurgicamente a evidência
se bem que por meros momentos
um escasso rodar do ponteiro potenciado ao infinitésimo
não o queira.

que arda no sono
que todas as memórias de todas as coisas sejam incineradas
e apenas sobre os doces deuses do sono
renegando aos deuses dos sonhos
bons ao maus

ao negro vácuo do sono profundo doo meu corpo
para que use meus órgãos na mesa de dissecação
e os meta onde sejam precisos
não onde estão agora

esta operação é sem duvida essencial
pois a recordação queima de tão banal
a tentação de reverter em animal
enquanto durmo fetal
mal

espero pela aurora que remove os pontos
que oblitera as recordações destas melancólicas noites
que me torna menos que humano
enquanto tento dormir fetal
mal

vem o doce manhã com o teu odioso arauto que destrona minha amada
vem doce e odioso inimigo e faz de mim
nesta pequena fracção de tempo
um teu aliado
enquanto as pequenas fracções dão lugar ao infinito

não sei se quero que me acordes ou se quero acordar
sei que quero estar

e queimar-me rodo
e as recordações

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