domingo, março 27, 2005

quero escrever
quero tornar-me estas letras
quero quero quero

e ardo no meu desejo
inconcretizado
de me poder formatar
e apagar as memórias
e erguer um altar
a uma deusa moribunda do amor
sem braços
nem pernas
nem corpo
apenas coração
mente
espirito
e todas essas merdas que os enamorados dizem amar

ja me deixei de explosões
detonações em tons de vermelho
já não sei se quero desaparecer
em tons pálidos de azul
ou permanecer
num pardacento mundo cinzento

a musa da loucura há muito que me abandonou
com um suave "não" sussurado no ouvido
a musa da alegria depressa a seguiu
sem sequer tentar falar
a musa da tristeza também me deixou
com um grito de vulto sombrio, indistinguível

apenas me resta a calma complacencia
da musa da angustia
que me inspira agora estas linhas patéticas
(talvez demais)
de uma ferida que teima em reabrir

e para desanuviar
um proema desinspirado
algo que chove no molhado
de uma mente já empapada
e de olhos que marejam
sem saber porquê

no final tudo se reduz
a uma unica situação
a presença eterna de uma incerteza
e se?
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