domingo, fevereiro 06, 2005

as duas árvores

estar perante as duas árvores
do conhecimento e da vida
vergar-me perante
suas majestosas copas
repletas de frutos
saborosos

escolher
a cruel escolha
viver eternamente na escuridão
da estupidez humana
ou morrer num único momento
de omnisciente consciência?

sempre fui atormentado
com a falta de sabedoria
com o facto de não compreender
tudo

mas
ultimamente
tenho-me apercebido;
há coisas
que nunca conseguiremos
perceber

agnosia
será esta a verdade
da arvore da sabedoria?
seremos mesmo condenados
a nunca saber as verdades supremas?

Ah
como me da vontade trocar estas
estúpidas duvidas
por um momento de ignorância feliz
por um segundo fugaz
em que se sentem os lábios tocar
trocar todo o conhecimento
pela felicidade da estupidez
de não pensar
apenas estar
ali
naquele momento
feliz
assim

entre as duas arvores
escolho nenhuma
ou escolho as duas
não me consigo desdobrar
e ser simultaneamente os meus dois seres
os meus seres todos

a sabedoria
que trás a questão
que trás a dúvida

a estupidez
que trás o momento presente
que trás a possibilidade de ver cada momento pelo que é

aqui. prostrado perante as duas árvores
decido o meu futuro
e escolho não escolher
e ser como sou
imperfeito em todas as condições
humano
apenas completo na inconsciência de duvida
e na tua presença eternamente sublime
na minha mente
e no meu coração

e o aqui torna-se uma altar de sacrifício
onde o ontem e o futuro se encontram
perpetuando o momento presente
que não existe
a não ser na minha mente
onde habitas
tu

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