domingo, janeiro 30, 2005

no principio

no principio era o algo
esse inominável algo que
não podendo ser nada
tem de ser alguma coisa

e esse algo
formou tudo
e tudo formou nada
e da conjugação etéria
do tudo e do nada
surgiu a pergunta
que me atormenta

PORQUÊ?

porquê as coisas pequenas?
porquê as coisas grandes?
porquê tudo e todos?

sou um argonauta do conhecimento
busco a resposta a pergunta
a gnose
guardada por não sei quem
em não sei onde
mas navego
procuro nas ilhas a resposta a pergunta

procuro o guardião cego que me guia
procuro incessantemente
com a necessidade de um heroinómano
a resposta

e as palavras
e as letras
rasgam o meu corpo
com facas e com bisturis de precisão incrivel
e desfiguram-me e criam rios de sangue
e estátua de carne
modelo o meu corpo na forma
de um ponto de interrogação
em carne viva

a minha mente
na fina linha
entre o génio
e o louco
permanece
igual

este sangrento banquete
não serviu de nada
continua a imutável pergunta
sempre presente
porquê?...

e a resposta não vem
e eu continuo ignorante da questão
e não sei o que mais fazer
como parar este fluxo
de ideias que me atormenta.

mas um dia
conseguirei
explorarei todas as regiões
do cosmos mental
e regressarei dos infernos divinos
da minha mente torturada
com as respostas
e as respostas serão boas
e eu serei enfim feliz
na união cósmica
de todos os porquês
de todas as respostas
de tudo e todas as coisas
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