quinta-feira, novembro 25, 2004

negro

Quando penso em ti
Sou assaltado por vários sentimentos
Que me roem as entranhas
Que me matam por dentro
E que eu não posso combater
Por um lado odeio-te
Por outro adoro-te
Por outro
Não sei o que sinto

Porquê?
Porque não posso ser eu uma máquina fria e insensível
Uma pessoa vazia de sentimentos
Algo não vivo mas um autómato
Para não sentir
A dor de te amar
A dor de te odiar
A dor de te ver
A dor de estar longe de ti
A dor
Eternamente presente

Prisioneiro
Na jaula
Os espectadores
Apontam
E atiram pedras
Ao estranho animal que lá habita
Pútrida carcassa
Disforme e horrendo
Que é a minha face
Transfigurada
Pela dor de amar
E pelo amor da dor

Transfigurada pela tua presença

Tenho de te agradecer
Abriste totalmente a caixa de pandora
E mataste a esperança com o punhal
Deixaste em mim um rasto de sangue
E lágrimas
E a alma
De um ser miserável
Negra
Como a mais escura das noites
Para sempre
Eterna e internamente
Destruídas
Obliteradas pela profusão impossível de pensamentos
E sentimentos
Que me correm no espírito
Que me correm no corpo
Que me picam e que me cortam

Ah ter a coragem e ser cobarde
Poder acabar isto no fio de uma navalha
Mas não
Não o farei
É maior o tormento de continuar vivo
Sabendo que não te posso ter

Que maior penitência possível
Que maior preço a pagar
Por minha estupidez
Do que viver para sempre
Envolto na dor mais negra
Que nunca conhecerás
(gosto demasiado de ti para ta mostrar)

obrigado
revelaste-me como o meu coração se podia tornar ainda mais negro
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