sábado, agosto 20, 2005

Hieronymus Bosch (uma espécie de tributo)

sacrifica tudo o que tens
num momento glorioso
e permanecerás vazio de tudo

nada de novo acrescentado

deseja por um momento

e terás a teus pés
tu próprio
amarrado
não te consegues soltar

nesta gaiola humana
de corpos entrelaçados
em que não podemos tocar
viverás eternamente

caminha por essas pedras
tu que procuras a luz da manhã
consciente que não a encontrarás
apesar dos teus pés em ferida

caminha entre os gigantes
apenas para te sentires pequeno
ante a sua minúscula majestade

entra nessa janela
vê o futuro na casa destruída
e foge
corre

pscicopatologia da palavra
assassinando as construções
desconstruindo dogmas
assimilando paradoxos
prossegue

oh desejoso filho da madrugada
bastardo da mãe lua
eterno caminhante
das ruas sem fim
e dos becos sem saída
(que crias)
para teu incessante e ruidoso canto
deixa a tua voz sarar
não te posso ouvir mais

nesta gaiola
onde uma porta se abre
nada sai
tudo entra
fetal
nado morto
inconclusivo
PERGUNTAS!

deixei de ansiar por ordem?
pelo sentido intrínseco das coisas?
escrevo por escrever para não escrever
na mente?

erras caminhante
navegas em ventos contrários
e no entanto encontras porto
na solidão
do lar do psicopata

intrinsecamente honesto
completamente irreal
surrealidade
tentação
obliterada paixão!

sede!
o rio seca
as palavras esgotam-se
a tela arde
consumida pelas chamas multicoloridas
do desejo de sentir
do desejo de sentido
do desejo...

aponto para algo
mais alto que as palavras
mais alto que tu(do)
aquela surreal irrealidade
de palavras sentidas
talvez
nunca antes ditas
assim
loucamente
por ti

descança agora em paz
fiel memória
e regressa aos tempos de antes
da uterina ignorância
dorme
sonha e descança
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