sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Ctn. C.

cai.
a chuva
antes fecundante
antes trazendo a germinação
da semente escondida

agora ácida
corroendo a roupa e pele
e os orgãos
no interior

e paro de caminhar?
não
continuo
parte de mim amaldiçoando
e outra parte bemdizendo
a chuva
que me corroi

não encontro respostas
apenas mais perguntas
a alteração minima da minha pessoa
que as traria
não consigo efectuar
logo deixo-me reduzir
a massa deixada
pela chuva agora opressiva.

arrastando
gemendo
chorando até de dor
o caminhante nunca para
parar é morrer
é sempre necessário
percorrer
os caminhos da mente
ladeados de armadilhas.

No meio de tudo isto, uma lágrima
não teimosa
teima em não cair
mas sim olhar para cima
enfrentar a odiosa chuva
com a pureza do seu líquido
e da essência

crucificado
atirado ruidosamente ao chão
pela chuva que teima em cair
os olhos e o corpo queimado
não consigo deixar de me arrastar
numa inútil tentativa de chegar a uma meta
que não sei definir
antes de um eu morrer

na chuva ácida da minha mente
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