segunda-feira, novembro 01, 2004

deslize de melancolia para outra coisa qualquer que não sei o que é

um pássaro preto poisa
na ombreira da janela
a meu lado
olha para mim
com olhos tristes de passaro
e torna a levantar voo
perfilando-se no horizonte com semblante carregado

eu
permaneço
imutável
perante esta vizita
na minha concha solitária
onde ninguém pode nem quer entrar

onde nada nem ninguém vive excepto eu
e a tristeza

não tenho nada para me guiar
nada para me fazer voar
como o pássaro preto
no horizonte infinito

sou um grave descendente no abismo do infinito

sou aquilo que sou e aquilo que sou é menos que nada
é o limite mínimo do -infinito
é o cúmulo do nada.

Nada nem ninguém me pode ajudar
estou só
para sempre
toda a eternidade
apenas desejei
algo

inominável
aboninável
inexistente?

paz de espirito

porque sorir por fora nem sempre significa rir por dentro
(muitas vezes estamos a chorar)
aqui fica um pedido
concentrem toda a dor em mim
sofrerei por vós

serei o novo messias
fundarei um novo reino
uma nova religião
cheia de vergões e fanáticos adoradores

Jesus sofreu na cruz
Odin sofreu lanceolado na árvore
os deuses sofrem
NÃO SEREI EU
QUE SOFRO MAIS EM VIDA QUE TODOS ELES JUNTOS NA MORTE MAIS DIVINO??

DEPOSITEM EM MIM VOSSA FÉ
VENHAM ATÉ MIM E DEIXEM
TODA A ESPERANÇA PARA TRÁS
nunca mais a verão

pássaros negros a meu lado
esvoaçam livres
milhares e milhares que soltam gritos estridentes
retalham a carne dos impuros

VINDE
VINDE A MIM

PRODUTOS OBCENOS DA SOCIEDADE DE HOJE
TERRORES E PODERES INFERNAIS
DOR SEM FIM VOS PROMETO
ABANDONEM VOÇOS MEDOS
nunca mais os verão

vinde...
por favor
ajudem-me

estou moribundo
cadáver não mais adiado
cadáver vivo

EU!
Counters
elearning